quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dança perfeita


No silêncio da noite descubro-me na dança da sombra e do reflexo que são meus.
O meu ser segue o compasso da melodia, que de tão longínqua parece fugir entre os movimentos das minhas pernas.
A Lua é a única testemunha desta dança perfeita de mim para mim.
Há muito tempo que ansiava por este céu de estrelas, há muito tempo que ansiava libertar-me de tudo o que perturbou o compasso perfeito da minha dança.
A cada pirueta e passo recupero o ar, o fôlego que me faltava para continuar a compor esta dança. Na sombra escura dos traços do meu corpo em movimento o vestido não perde o branco brilhante que o caracteriza e eu não deixo de sorrir por o reconhecer.
É este branco que ajusta os passos e ampara as quedas, que também são parte integrante desta dança. Sem este branco nunca teria havido dança, nem noite, nem Lua, nem estrelas. É este branco que me inspira a dançar, a sorrir e a ser feliz.
Nesta noite fria, danço sem parar porque roubaste todo o ar que era meu, só meu, era branco de tão meu que era. Nesta noite fria, danço sem parar porque me fizeste cair e rasga-te o branco do meu ser com toda a cobardia e egoísmo que existe em ti.
Nesta noite fria, só a Lua é testemunha desta dança do meu ser que se ampara nesse vosso branco que é tudo, só ele é tudo.
Obrigado.
Adeus.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tempo é espaço


Tempo é espaço.
É neste espaço que tento recuperar o fôlego, sarar as feridas e fazer da dor passado.
É neste espaço que sigo sozinha, ainda que a tua sombra me persiga e se imponha.
É neste espaço onde já não há certezas que tento seguir em frente.
Não quero andar de mão dada, não quero que me limpem as lágrimas nem que retirem os obstáculos da passagem. Quero vencer.
Tempo é espaço. Neste tempo dá-se a desunião do uno.
É tempo de vestir o meu vestido de rosas e fazer do meu corpo o jardim da minha alma.
Neste tempo não há espaço para a cor, reina um negrume que se arrasta por entre becos e caminhos, onde noto a ausência do cor-de-rosa e do cor de laranja.
Este espaço é longe de tudo o que conheço e que gostaria de conhecer.
Este espaço é tudo o que não queria, mas é o que tenho.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Rosas e estrelícias


Hoje o Sol brilhou, mesmo sem conseguir penetrar na densa nebulosa que o encobre.
Nesta dança de rosas e estrelícias faço rodar este vestido de recordações e certezas, que teci a cada dia da minha existência.
Danço entre os teus braços para que me agarres perante um qualquer desequilíbrio. Olhas o meu vestido e os teus olhos rodam ao seu ritmo.
Hoje o Sol está quente, ferve na pele.