sábado, 28 de fevereiro de 2009

Espero pelo Sol

Hoje, esperei pelo Sol. Hoje, sentei-me na mesma cadeira de sempre, junto à janela. Hoje, esperei pelo Sol.Hoje, o Sol não veio.
Tudo permaneceu cinzento e sombrio. Dentro e fora de mim. Logo agora que eu preciso de luz.
Sorrisos grandes e pequenos, por simpatia e espontâneos. Abraços pequenos e grandes, mais e menos apertados. Olhares demorados ou rápidos, claros e escuros. Não importa, só importa que sejam os vossos sorrisos, os vossos abraços, os vossos olhares.
Desconheço tudo o que se passa dentro de mim, mas sei que também já não há sol. Tudo permanece cinzento e sombrio.
O céu acabou de ficar ainda mais escuro, dizem que anoiteceu. Agora, espero pelo Sol neste céu que desde que me sentei nesta cadeira se aproxima cada vez mais do meu interior.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Inspiração vazia

Fecho os olhos enquanto o vento sopra no meu rosto. Sorriu.
Papéis e mais papéis por preencher e a inspiração falha-me. Troça de mim.
Não a critico. Sempre foi genuína sem princípio nem fim. Sempre bem-vinda.
Quase se sente ofendida com os prazos estabelecidos e o meu medo de falhar.
Mesmo sem a sua presença, defini personagens, locais e interacções. A imaginação raramente nos foge, mas a inspiração, essa. Essa é a mais traiçoeira das aliadas.
Rendi-me. Rendo-me.
Já deitei tudo o que estava definido para o vazio do céu.
Agora, é a tua vez de te renderes, deixar o orgulho de lado e ajudar-me mais uma vez.
Inspira-me, inspira-me novamente. Não só desta vez. Inspira-me sempre. Mas desta vez mais do que até hoje.
Espera! Não fujas outra vez!
Pronto…inspira-me apenas.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Não adormeças já

Mesmo sem a inspiração própria, mesmo sem nenhuma ideia para preencher o branco do papel, mesmo assim, preciso de escrever porque a noite é longa e fria, mas dentro de mim é tudo quente e ainda mais longo.
Pensamentos acelerados, na sua maioria descompassados. Abro e fecho os olhos. Procuro uma fonte de luz. As estrelas estão apagadas e a Lua foi-se embora.
Vagueio em mim própria. Procuro a chama da vela que o vento apagou.
Abro e fecho os olhos.
Procuro a luz. Chamo por ti. Adormeceste.
Fechaste os olhos. Como posso eu encontrar a luz?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

(Des)Ilusões

Pensar que toda a minha vida por olhar apenas na direcção em que me desloco, nunca na direcção oposta, perdi pormenores inteiros e paisagens completas.
Dei comigo a redescobrir ruas que achei já conhecer por simplesmente ter-me deslocado a pé, numa direcção oposta à que os carros podem deslocar-se e na qual também eu sigo. Dei comigo a conhecer segmentos de uma cidade que loucamente julgava conhecer.
Quantas mais paisagens, segmentos e reflexos perdi ao longo de todos estes anos? Quantas das ruas da minha infância reconhecerei de perfil e não apenas de frente?
Na verdade, esta nossa forma de ver o mundo decorre em grande parte da própria forma de estarmos na vida. Receio de olhar para trás, ânsia de seguir em frente conhecer o que vem a seguir, o fim. Do livro, do filme, da peça de teatro.
Tu rias-te de toda a minha surpresa e ao mesmo tempo de toda a minha inocência ao perguntar-te se tinham construído um prédio novo, uma nova estátua, aberto uma nova igreja.
Porque o mundo, não é como é, mas é como o vemos. Temos mundos diferentes. Pormenores ausentes. Pormenores presentes. Distintos.
Tu rias-te de toda a fragilidade da minha orientação, confundias-me de novo e ainda te rias mais.
Vivemos nesta inocência do conhecimento exacto e absoluto seja do que for, seja de quem for.
Entre surpresas boas e más seguimos em frente, evitando olhar para trás. Entre dias e noites somos felizes e infelizes. Entre hoje e amanhã esperamos sempre que venha o melhor logo depois do agora.