terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Chamar

Há noites em que creio ser capaz de escrever canções de amor, melodias de embalar e poesia. Há noites que susurram a minha existência e em céus estrelados oferecem espaços a serem preenchidos. Há noites em que não escrevo para não ter de lembrar o sentir.
Hoje, fecho os olhos e sei-me capaz de escrever-te cartas de amor a tinta vermelha sobre papel branco. Hoje, fecho os olhos e sei-me apaixonada e amada.Hoje, fecho os olhos e sei-me capaz de soletrar o nosso amor. Hoje, fecho os olhos e vivo-te, revivendo-nos.
A imensidão do sentir invade-me e leva-me o fôlego. Esforço-me para manter os movimentos de inspiração e expiração, enquanto o frio da tua ausência abre feridas na pele e faz sangrar a alma. 
Em confesso cansaço da Saudade, minha, Tua, Nossa e Deles, resisto à vontade que a noite acalenta de escrever amor, é maior o medo de esvaziar-me das recordações que bombeiam a minha vida.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Paisagens

As persianas estão meias abertas, deixando a luz do dia entrar e trazer promessas, nas quais gostava de acreditar. O vento sopra de Sul e corta as asas dos sonhos que podiam voar, porque as promessas de cada novo dia desvanecem-se à medida em que nelas acredito. 
Entre paisagens ora verdes, ora amarelas, encontro as mais belas paisagens de fundo, através da meia abertura que as persianas (de)limitam. A nudez da folhagem denuncia a ausência de Primaveras mil e a promessa não concretizada da chegada do reconfortante calor do Verão. Posso escrever um conto sobre cada uma destas paisagens, abraçando um tempo que começa e termina em cada uma das palavras que o contar sem promessa de mais. 
 As paisagens sucedem-se e é como se estivesse em viagem, as persianas não se movem, servindo de tela em que pinto promessas, poucas, ricas, no sonho de as ver concretizadas no tempo finito em que sou personagem principal dessas histórias que não ganham vida porque o vento sopra de Sul e eu sou o Norte. 
Momentos há em que fecharia as persianas só para não ter de sonhar o sonho do regresso.