sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Baloiçar da vida


Tenho saudades de andar de baloiço. Tenho saudades de estar mais perto do céu. Tenho saudades de voar. Fecho os olhos e ainda me recordo de todos os pormenores. Seguia o balanço e o compasso do vento, soltava gargalhadas, livres e despreocupadas.
Agora esse tempo acabou. Há opções a fazer e decisões a tomar. Há preocupações constantes. É difícil esquecer o mundo e ficar mais perto do céu.
Por vezes, deixamo-nos controlar por todo este reboliço, por toda esta pressão, ficando tão sensíveis que até a queda de um pingo de chuva sobre a nossa pele nos faria chorar e suspeitar que o mundo se uniu para não nos compreender. Já tive dias assim.
São aqueles dias que gostaríamos de saltar, de dormir cedo para que o dia seguinte chegue bem depressa, mas são nestes dias que o sono tarda a vir. A respiração prende, as lágrimas rolam pela face, os pensamentos atormentam-nos e é, então, que chegam as dúvidas. Tudo nos passa a parecer tão frágil, que ganhamos a noção que pode quebrar a qualquer momento. O nosso mundo, o nosso mundo é afinal tão frágil.
Sem saber ando num baloiço, que não sendo de madeira, é a vida. Sigo ao sabor do instinto e do destino e sim, há dias que solto gargalhadas, mas já não são livres e despreocupadas. Mantêm apenas a espontaneidade.
Deixa-te estar aqui, comigo. Fica comigo até o amanhecer, até adormecer.
Dá-me a mão e faz-me sentir que tudo é seguro.

Agarra o baloiço, não quero andar mais.Agarra!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Bailar de um sonho


Amava a dança. Esta era a única certeza que Lúcia tinha. Sempre seguira o seu sonho e de todas as decisões que já tomara até aquele dia, essa era, sem dúvida, a decisão de que mais se orgulhava. No entanto, o sorriso feliz que oferecia às plateias que a assistiam encobria um outro sorriso. Era um sorriso seco, marcado pela história de uma vida de escolhas e sofrimento. A sua vida.
Lúcia acabava de viver um momento muito importante na sua carreira, talvez o mais importante de todos, tinha realizado um solo num dos mais conceituados teatros da sua época. Só ela sabia o quanto lhe tinha custado alcançar aquele sonho de criança. Nem sabia ao certo quantas vezes o tinha imaginado. O seu maior sonho tinha-se realizado. Tinha atingido a sua independência profissional. Tinha o seu talento reconhecido e aplaudido.
Mal o espectáculo terminou, dirigiu-se ao seu camarim onde foi encontrar o mesmo cenário de sempre. Flores, flores e mais flores, de todas as cores e espécies, acompanhadas por cartões cheios de nada, escritos com caligrafias perfeitamente desenhadas. Lúcia deixou que o seu corpo perdê
-se a força e ao sentar-se ficou posicionada precisamente em frente ao espelho verdadeiramente gigantesco do seu camarim. Há muito tempo que evitava aquela situação, enfrentar-se a si mesma. Ao longo da sua vida teria enfrentado o mundo inteiro se necessário, mas sempre fora incapaz de enfrentar-se a si própria. Ouvir os seus sentimentos. Ao olhar o reflexo do seu próprio olhar, perdeu o escudo que carregava consigo e começou a chorar, tapando a sua face com ambas as mãos. Julgando poder esconder-se de si própria.
Lúcia fugira de casa muito cedo, o seu desejo de dançar profissionalmente afastava-se muito dos bons costumes de dona de casa planeados pelo seu pai, na verdade por qualquer chefe de família daquela época para as suas filhas. A sua mãe sofria por ela, mas nunca ousou opor-se ao marido. No dia em que Lúcia fugiu de casa o seu pai ordenou que nunca mais se pronunciasse o nome da filha em sua casa, muito provavelmente devido à discussão que teria tido com Lúcia na noite que antecedeu a sua fuga e da qual nunca ninguém teve o relato, nem mesmo Adelaide, mãe de Lúcia, que nunca mais fora a mesma desde o desaparecimento da filha.
Lúcia chorava a solidão de todos aqueles anos por oposição à luta do sonho da sua vida, ou pelo menos do sonho que a fazia feliz em criança, com o passar dos anos duvidava se era o seu sonho que a faria continuar, se o seu orgulho e vontade de mostrar ao seu pai que estava enganado ao gritar-lhe que ela não servia para nada. Estas palavras marcaram-lhe para toda a vida, ouvia-as todas as noites no silêncio das pensões velhas e imundas, que só mudavam de localidade, nunca de condições.
Para trás deixou não só a família mas também um grande amor, o seu primeiro amor. E, naquele momento, no frio do seu camarim nada lhe parecia fazer sentido. Só se sentia viva quando dançava. Quando a música terminava tudo o que deixara para trás corroía-a por dentro. Nos últimos tempos sentia uma vontade imensa de voltar a casa, à sua terra, à segurança do seu lar. Sentia-se ainda mais triste pelo facto de ter mandado um convite para a sua estreita para a direcção da sua casa, cuja destinatária era a sua avó paterna. Apenas a correspondência desta não era aberta pelo seu pai, sendo que na carta pedira para que informasse também a sua mãe Adelaide, para que pudessem vir as duas vê-la. Julgara ter a certeza da presença de ambas, mas não as avistou dos bastidores nem houve ninguém que perguntasse por si aos assistentes.
Lúcia limpava as suas lágrimas, sendo invadida por um cansaço extremo que a fez começar a arrumar tudo para que pudesse dirigir-se ao hotel onde estava hospedada, ao longo da sua carreira foi tendo cada vez mais posses financeiras, até que actualmente podia considerar que tinha uma boa poupança.
Ao chegar ao hotel, Lúcia foi informada que estaria alguém à sua espera no quarto. Lúcia sentiu o coração disparar, a possibilidade de rever a sua mãe ou a sua avó deixava-a tão vulnerável e tão feliz. Contudo, ao entrar no quarto foi surpreendida pela presença de um homem de cabelos brancos, sentado numa cadeira de rodas posicionada na direcção oposta à porta, de forma a vislumbrar a linha do horizonte. Lúcia sentiu que o seu corpo tinha a leveza de uma pena, como se pudesse cair a qualquer momento, sem sequer fechar a porta dirigiu-se ao homem que a esperava. Caiu a seus pés, deitou a cabeça no seu colo, agarrou nas suas mãos e desatou a chorar. Libertou as lágrimas que evitou durante todos aqueles anos.
- Filha, minha filha, procurei-te estes anos todos, mas as tuas constantes viagens, de cidade em cidade, devido ao teu sonho, bem sei, tornaram impossível o nosso encontro. O tempo que demorava a descobrir a tua paragem era o mesmo que demoravas a viajar rumo à próxima. – disse o pai de Lúcia com a voz mais serena que ela alguma vez escutara, o que a fez olhar em sua direcção.
- Pai... – começou Lúcia, mas depressa os dedos do seu pai pousaram sobre os seus lábios, impedindo-a de continuar.
- Lúcia, eu estou muito doente, e sei que vou morrer dentro em breve, mas a minha alma não deixa o meu corpo partir, não sem antes te pedir perdão, te pedir todos os perdões do mundo, na certeza que me irás perdoar…mas acima de tudo não sem antes dizer-te que és a melhor bailarina do mundo, minha querida. Hoje, vi a melhor bailarina do mundo. Estou muito orgulhoso, Lúcia. Parabéns. Agora deixa-te ficar aí, volta a descansar a tua cabeça no meu colo, para eu poder partir, minha pequenina. Não pares de sonhar nunca.
Lúcia, obedeceu desejando apenas eternizar aquele momento. De imediato deixou de ouvir a respiração do seu pai, e só conseguiu sussurrar:
- Oh, pai, eu amo-o.
Em sua direcção vieram três sombras que só ao chegarem bem perto de si, reconheceu. A sua mãe, a sua avó e o seu irmão.
Todos reunidos num abraço cuja força só não era mais forte que a luta por um sonho.

sábado, 23 de agosto de 2008

Retratos perdidos


O sol escondia-se cada vez mais e mais, desafiando a lua a ocupar o seu lugar, num céu que se escurecia a cada gole de Gonçalo. Não sabia o que bebia, quando chegara tinha pedido ao empregado que lhe trouxesse a bebia mais forte que ali houvesse.
Continuava a pensar nas palavras de Margarida, ainda sem acreditar no que se tinha passado. Mal ouvira falar em divórcio recusara-se a continuar a discussão, batera com a porta da casa de ambos com violência, sabia-o, mas não se arrependia, só se arrependia da forma irresponsável como conduzira, em seguida, até o café onde conhecera, há anos atrás, a mulher dos seus sonhos, cujo o coração conseguira conquistar e com quem tinha construído uma vida.
A vida de ambos nem sempre fora fácil, na verdade Gonçalo fazia tudo por Margarida, e na altura em que as economias andavam menos bem, teve que arranjar mais ocupações e duplicar as horas extras. Ela não compreendeu. Reclamava a falta de tempo de Gonçalo, reclamava a sua carência e no fundo a sua solidão.
Margarida era professora e depois de ter casado reduziu a sua actividade a algumas horas de explicações, para ter mais tempo livre para o casamento e para as suas responsabilidades de dona de casa, sobre as quais desde muito cedo a sua mãe lhe falara. Margarida vinha de uma família com muitas posses, ao contrário de Gonçalo, pelo que isso teria, também, contribuído para esta sua atitude mimada perante o esforço do seu marido, que queria garantir que Margarida continuasse a não ter que se esforçar muito para ter tudo o que quisesse.
Tinha terminado a bebida que pedira, no entanto, quando o empregado viu que Gonçalo rodava uma aliança nos seus dedos, trouxe mais uma com o mesmo teor alcoólico. Alto. As pedras de gelo estalavam no interior do copo. Seguindo o seu ritmo Gonçalo, soltou uma lágrima e outra. Sabia que Margarida tinha razões para reclamar o tempo que já não disponha para ela, mas daí a falar em divórcio era algo impensável. Para Gonçalo o divórcio era algo que nem fazia sentido falar-se, casara para toda a vida e sentia uma dor inconsolável que lhe dava a sensação de que o seu peito fosse explodir. Como poderia Margarida ter pensado em divórcio? Como poderia ela ter questionado se era para isso conseguir que ele tanto se esforçava? Como?
Gonçalo sentiu uma mão pousar no seu ombro, era inconfundível o cheiro que começava a sentir. Margarida. Sem pensar em mais nada pousou a sua mão sobre aquela mão. Ouvia agora os soluços de Margarida.
- Perdoa-me, meu amor, perdoa-me. – disse Margarida ao mesmo tempo que se sentava, junto de Gonçalo, sem largar a sua mão.
- Não digas mais nada, vamos esquecer tudo isto, querida – Consolou Gonçalo, que não suportava ver a sua mulher chorar.
- Não. Deixa-me terminar. Eu nem tenho palavras para justificar a minha atitude nem as minhas palavras. Perdoa-me, por favor. Recebi um telefonema da minha mãe, que como sempre me fez sentir uma inútil. Pensei o dia inteiro que merecias alguém melhor, alguém por quem tanto te esforças…e pensei que fazer-te odiar-me seria o melhor para ti. Voltei a borrar a roupa toda e a salgar demais o jantar. – Gonçalo não conseguiu suster uma gargalhada que despertou o olhar de todo o bar na direcção da sua mesa.
- Será melhor levarmos alguma coisa, então, a caminho de casa. – disse ternamente, fazendo Margarida corar e sorrir.
- Perdoa-me, és o melhor que alguma vez me aconteceu. És tudo o que tenho.
- Querida, eu não te pedi para seres dona de casa, eu pedi-te em casamento, lembras-te? Eu quero que sejas minha mulher. Eu sei que não te tenho dado o tempo que mereces…mas quando tudo melhorar será mais fácil, agora só te peço um pouco de paciência.
- Eu amo-te Gonçalo. Perdoa-me. - Segredou Margarida, ao abraça-lo.
- Eu também te amo querida. Está tudo bem.
Naquele dia, o Sol esperou para ver o culminar daquele amor, mesmo percebendo que a Lua não abrandava no seu trajecto e sabendo que seria inevitável o encontro de ambos. Deu-se o eclipse lunar. Deu-se um amor para o resto da vida.

Casa de férias


Há casas que têm histórias para contar. Aos olhos de quem passa revestem-se de elementos casuais e banais, contando os seus segredos apenas a quem for capaz de os perceber nos pormenores.
Cada elevação conta vitórias alcançadas. Cada degrau uma luta travada. Cada divisão uma fase da vida, ilustrada por uma palete de cores municiosamente escolhidas. Cada parede uma separação. Cada espelho uma esperança.
Mais do que o reflexo de preferências pessoais, as casas contam histórias. Se forem nossas de origem contarão a nossa, se forem posteriormente adquiridas por nós serão um ponto de encontro da nossa com outras histórias que não nos pertencem mas não deixam de estar presentes.
É por tudo isto que quero que conheças aquela casa, conhecendo a minha história. Será que vais reconhecer a minha voz? As minhas lágrimas e os meus sorrisos?
Tenho esperança que não vejas naquele espaço uma simples casa, mas que reconheças tudo o que há para reconhecer. Gostava muito que sentisses parte do que sinto quando lá estou e que também nesse sentimento tivéssemos a mesma ligação única.
Achas possível?
Vem sentir a minha casa de férias. Vem reconhecer –me.

domingo, 10 de agosto de 2008

Guarda-me


Em cada onda vou reviver tudo o que já vivemos juntos. Vou soltar um sorriso e pensar que sou feliz. Quando me abraçares saberei que fui iludida pelo azul vibrante que quebra naquela praia, naquele pequeno paraíso e serei só nesse momento feliz.
Em cada onda vou entregar o meu corpo para que se molhe, ordenando todos os meus poros a absorver o sal dos beijos que soltamos num ponto qualquer deste oceano que nos separa e que nos une.
Em cada onda vou mergulhar e reconhecer-te no fundo do mar, regressando à superfície mais forte e confiante.
Em cada onda vou revelar-te mais um segredo desta história de amor.
Em cada onda vou recuperar o fôlego que a tua ausência me retira.
Em cada onda vou encontrar a paz que me ofereces.
Em cada onda vou ganhar e perder. Ganhar saudade. Perder dúvidas.
Descansa o búzio. Ouve.
Em cada onda lembra-te de mim, porque cada onda te leva um pouco de mim, um pouco deste amor que faço questão de espalhar pelo mundo, só para te surpreender.
Guarda o búzio. Não me percas.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Mar sem fim- Capítulo IV

      Quando abriu a porta sentiu uma vontade imensa de a voltar a fechar. Era Isabel, que perdida em lágrimas entrava de rompante na casa de Maria, fazendo com que esta permanecesse imóvel junto à porta. Maria tinha medo de a fechar, como se a fechar significasse fechar a entrada de uma outra visão, fechar a entrada ás boas notícias, fechar a entrada ao regresso de Manuel.
      - O António veio chamar-nos, temos que ir fazer o reconhecimento de dois corpos que foram encontrados numa embarcação que deu à costa, mas por estar irreconhecível não sabem se será a dos nossos homens. – disse Isabel com uma velocidade tão acelerada como a que entrou em casa de Maria, como se tivesse medo de não conseguir terminar o seu discurso, ou de ter consciência da situação que relatava.
      Maria sentia a sua cabeça a andar à roda. Não conseguia acreditar em todo o que se estava a passar, desde o seu regresso da Casa da Praia na manhã do dia anterior, que nada lhe parecia ser real. Olhava Isabel com um olhar vago e distante, sabia que ela continuava a falar mas dessa acção só conseguia percepcionar o movimento dos seus lábios como se se movimentassem em câmara lenta, a sua adição estava totalmente focalizada na chuva que começara a cair e cuja intensidade fazia as pedras do chão gritar de dor, assim como, no cantar dos trovões que de acordo com o que Manuel lhe ensinara aproximavam-se vindos do mar. Maria sentiu um arrepio que começara no fim do pescoço e se alastrara por todo o seu corpo e que fez com que regressasse ao presente.
      - Maria! Maria…reage! Diz-me que não são deles os corpos que foram encontrados…por favor, Maria, diz-me…por favor. – Isabel intercalava as palavras que dizia com gemidos de choro.
      - Eu… - Maria não tinha terminado a frase e já Isabel se abraçara a si, fazendo, assim, com que Maria a acompanhasse num pranto de choro, desesperado e agoniado.
       Poucos minutos depois estavam as duas a caminho do porto, debaixo de uma louca tempestade. Pela raridade destes fenómenos naquela província piscatória nenhuma das duas tinha guarda-chuva, mas na verdade este facto não as assustara, estavam imunes a todas as dificuldades. Todo o desespero dos últimos momentos das suas vidas fez com que nenhuma das duas tivesse a real consciência de que poderiam efectivamente confirmar a morte do corpo dos seus maridos. Do corpo, mas não da alma, pois a alma de Pedro e de Manuel, a cada uma das suas mulheres pertencia, pelo menos durante muitos anos seria isso que consolava as mulheres dos pescadores que já teriam perdido a vida. O mar leva os seus homens, a pedido de desejos divinos, mas a alma deles com elas permanecia. Era esta alma que as levariam ao seu marido, num outro mundo que não o terreno, quando pelo mesmo desejo divino lhes fossem tirada a vida.
      - Isabel, espera. Eu não vou, não sou capaz. – disse, Maria, parando numa altura do percurso em que era impossível se abrigarem para conversarem – Prefiro viver eternamente na dúvida do regresso de Manuel, à certeza de o ter perdido, não serei capaz de sobreviver se for o corpo do meu marido que lá estiver, essa dor será maior do que a força que poderei ter para continuar a viver…e criar o nosso filho.
      - Maria , eu também posso encontrar o meu marido, mas tenho uma fé tão grande em mim, que chega pelas duas. Não são eles, não vão ser eles. E quanto a não teres força para continuar, fica feliz pelo Manuel não te ter ouvido dizer isso, queres melhor motivo para viver do que um filho que vocês tanto desejavam? – Isabel encerrava, assim, qualquer possibilidade de não continuarem o percurso em direcção ao porto,mesmo porque Maria sentia-se envergonhada pelas suas próprias palavras, seguindo os passos da sua amiga que pela primeira vez desde o desaparecimento de Manuel e Pedro parecia estar a recuperar a sua lucidez.
      Chegando à Central do porto,foram recebidas por um homem que se apressou a entregar-lhes cobertores, visto estarem mais do que ensopadas, não fosse a paragem súbita de Maria e teriam de certo melhor aspecto.
      - Fomos informadas pelo António que teríamos que fazer …- disse Isabel, continuando a assumir uma racionalidade admirável e louvável.
      - Por favor, por aqui – disse o homem que as recebera.

domingo, 3 de agosto de 2008

Palavras soltas

Está quente lá fora. Hoje, está muito quente lá fora. Mas cá dentro está frio. É um frio que magoa, é o frio da saudade.
Há momentos em que verdadeiramente nada faz sentido. Há momentos em que percebemos a importância de cada uma das peças que completam o puzzle. Há momentos em que preferimos dormir a estar acordados, só para que o tempo passe mais depressa, só para que se desfaça o nó que sentimos no coração.
Não sei se calculas tudo o que sinto por ti, mas sei que o sentes.
Tenho muitas palavras para escrever, mas a saudade prendeu-as.
Abraça-me e devolve as minhas palavras, que por estarem em ti são nossas.
Abraça-me.