segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O Outono chegou. Eu parti.
Longe dos dias em que o Sol aquece os sonhos e ilumina os caminhos que percorro, longe dos dias em que fui sem querer saber do tempo que passa e se perde na sua própria infinitude.
O Outono reina. Eu choro.
Quando a chuva cair das nuvens carregadas de mudança por expelir, vou fechar os olhos e segredar aos ouvidos do vento.
O Outono fica. Eu volto.
Deixo-me cair sobre as folhas caídas e descanso o cansaço que carrego e que me carrega. Deixo-me cair sobre mim mesma.
O Outono é. Eu serei.
Grito, grito alto, bem alto. Lanço vozes ensurdecedoras ao universo até que a rouquidão me cale, até que o Outono finde.
Pego em cada uma das folhas caídas e desenho o mais belo dos quadros, das paisagens que não visitei, dos cenários em que não actuei, dos dias em que não vivi vivendo. O vento sopra e tudo desfaz.
Faço de cada uma das folhas caídas tapete voador e entrego-me aos devaneios do vento, do céu, das horas e do tempo. Liberto-me das amarras do que tem de ser e suspiro pelo que pode vir a ser.
Ousar sonhar e vibrar com outras formas de ser e estar, outras formas de viver. Ousar partir sem conhecer a chegada. Ousar ser sem pensar no que foi a cada instante, sem temer o que há-de ser. Ousar ser sem medo. Ousar somente ser e...aceitar a chegada de todos os Outonos que tiveram de chegar.