quarta-feira, 21 de julho de 2010

Cinco


O eco deste ténue silêncio desperta-me do sono que não dormi e do sonho que não sonhei. Cada pôro da minha pele respira por si para que todos se unam num corpo uno e uníssono.

Aceito esta última dança do dia e da noite que passou e passa para que possa por fim despertar do sono que dormi e do sonho que sonhei, por fim. Só mais uma roda e entrego-me ao cansaço que enfim me assola.

Deixo que seja o Sol o meu despertador, aqueles raios que me aquecem e despertam de mim mesma, mas esta manhã insisto e resisto, não deixo que nada em mim se mova, a não ser esta vontade que cresce no meu interior, para me deixar sonhar este sonho que por ser meu, me pertence, que por o sonhar, é meu e me pertence.

O teu lado da cama está vazio, branco de esperança, vive e espera por ti para que este sonho seja agora feliz, agora e no segundo seguinte, feliz, porque o depois nada sonha ou promete e só o medo reina nesse instante que vai para além do segundo seguinte, onde tudo pode deixar de ser feliz.

Espero-te no meu lado da cama para que possa sonhar esta felicidade só mais um segundo, este que passou.



Saudades deste sonho nosso, deste nosso sonho.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Nossa Ilha

Nesta ilha de laços de amor e ternura os dias são mais longos e cheios, são dias os dias.
Do nevoeiro revestido de tonalidades negras surge o bafo quente da maresia que banha esta ilha de flores e cores, que aquece o corpo e a mente e faz sorrir.
Colho realizações e desejo de festejar onde antes plantei sonhos e esperanças, coloco em água para que não murchem ou morram.
Muito embora não veja o horizonte, agora mascarado de nuvens postas e sobrepostas, sei-o e isso basta-me, verdadeiramente basta-me. Assim como me basta este não fazer, este simples estar. Basta-me ser e estar nesta ilha de encantos. Basta-me ser. Basta-me estar. Basta-me respirar nesta ilha de jardins, no fundo basta-me sermos e estarmos aqui ou ali, adiante ou mais atrás. Basta-me.