sábado, 8 de fevereiro de 2014

Lá Longe

Na margem do rio, assalta-me esta sede de água por verter, esta sede molhada pela secura do que evapora.
Lá longe, perco o que nunca tive, mas vi antes de ser. Lá longe onde a vida é, antes de ter.
Mergulho as mãos na água cristalina, a sede é tanta. Aquela sede de água por verter, aquela sede da água que se liberta entre os espaços que separam os dedos fechados uns contra os outros. É aquela sede seca de água por resgatar.

Na margem do rio, vejo o tempo passar antes de chegar. Vem de lá longe, onde a vida se concretiza em paisagens primaveris e há um calor que arrepia.

Na margem do rio, sinto a sede do tempo que é e tem o que nunca foi e o que nunca teve, mas um dia será e terá.

Na margem do rio, procuro o reflexo de mim mesma.