segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Diário

Faz tempo, tanto tempo que eu espero o tempo. O nosso tempo.

O coração dispara perante o descompasso dos batimentos do ser a cada dia, a vida de um tempo que corre sem passar.
Vagueio entre as sombras de existências que criei e recriei sem nunca viver. O amanhã é hoje, mas eu espero o hoje no amanhã.
Dás-me a tua mão e eu respiro aliviada, porque já não sei caminhar sem saber a companhia do teu amor, sem saber-te meu e saber-me tua.

Levaste-me a passear, pintaste o céu e acalmaste o Mar. Aquele Mar, onde sempre banhamos o nosso amor e sem medo entregamos os nossos sonhos para que se concretizem no sal das correntes e tenham sempre um porto que os acolha. Nós esperamos.

Faz tempo, tanto tempo que o tempo é o tempo que há-de vir.











segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O Outono chegou. Eu parti.
Longe dos dias em que o Sol aquece os sonhos e ilumina os caminhos que percorro, longe dos dias em que fui sem querer saber do tempo que passa e se perde na sua própria infinitude.
O Outono reina. Eu choro.
Quando a chuva cair das nuvens carregadas de mudança por expelir, vou fechar os olhos e segredar aos ouvidos do vento.
O Outono fica. Eu volto.
Deixo-me cair sobre as folhas caídas e descanso o cansaço que carrego e que me carrega. Deixo-me cair sobre mim mesma.
O Outono é. Eu serei.
Grito, grito alto, bem alto. Lanço vozes ensurdecedoras ao universo até que a rouquidão me cale, até que o Outono finde.
Pego em cada uma das folhas caídas e desenho o mais belo dos quadros, das paisagens que não visitei, dos cenários em que não actuei, dos dias em que não vivi vivendo. O vento sopra e tudo desfaz.
Faço de cada uma das folhas caídas tapete voador e entrego-me aos devaneios do vento, do céu, das horas e do tempo. Liberto-me das amarras do que tem de ser e suspiro pelo que pode vir a ser.
Ousar sonhar e vibrar com outras formas de ser e estar, outras formas de viver. Ousar partir sem conhecer a chegada. Ousar ser sem pensar no que foi a cada instante, sem temer o que há-de ser. Ousar ser sem medo. Ousar somente ser e...aceitar a chegada de todos os Outonos que tiveram de chegar.

sábado, 30 de março de 2013

Tempestade do Encontro

O tempo passa, mas eu não acredito no que me conta.
Aqui, nesta margem do rio, tento vislumbrar a corrente que leva o que passa. Vai.
O tempo corre, mas eu não o vivo.
Aqui, nesta margem do rio, vejo-o.

Hoje, o tempo é pesado. Dói.
Amanhã quero ver, viver, sentir.
Ontem fui eu sem saber o que sou.

Aqui, nesta magem do rio, antecipo a tempestade.
Adivinho o negrume do céu que vai chegar.

Quando a chuva cair, que caía.
Quando chegar, que chegue.

Se o meu tempo é este, que seja.
Se eu tiver de me perder para me encontrar, que me perca.




sábado, 9 de março de 2013

Perder

 Tudo é embotamento.
 Tudo é emoção por reconhecer.
 Estou debotada do que é e do que sou.
 Estou perdida nas saídas de mim mesma.
 Nada é presença.
 Nada é esperança.


Se eu quiser, o querer sem querer.
Amanhã será.