segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Noites de Inverno

     As noites frias trazem o estalar da madeira que é agora atravessada pela força do fogo, esta é a nostalgia do Inverno que se cobre de um laranja vivo no qual os olhos se perdem iniciando uma viagem com destinos conhecidos, passados e vividos.
   Baixamos as nossas defesas e entregamo-nos ao calor que o nosso corpo recebe na ânsia de mais. A cadeira em forma de baloiço, baloiça as nossas memórias mais tristes para que adormeçam e também se entreguem ao calor da lareira, mergulhando nela para não mais voltar.Baloiçando para trás e para a frente lançamos mágoas e lágrimas e recolhemos a força da chama que nos aquece e alenta.
   Procuro a tua mão e agarro-a para não mais soltar,não trocamos olhares nem palavras, mas beijas-me a mão, para nunca mais deixar de a beijar.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Avó

Tudo foi num sopro de vida por viver, num sopro de ida sem retorno, num sopro de nada de tudo.
Quando a noite cair, num sopro se concentrará o teu brilho na estrela que será a mais brilhante.
Nunca pensei que este momento chegasse tão repentino, numa despedida que não foi diálogo mas monólogo.
O pano caiu, mas a peça não continua, não mais continuará. Talvez noutro palco, noutro tempo, noutras cores, noutro segmento de vida por viver, de certo mais ofusco, mais frio, num conjunto de mais que são menos.
Todos os momentos que vivemos são embrulhados em laço, que insisto em desembrulhar para que te sinta mais perto, porque o frio do que nos separa é a imensidão da escuridão que nos assola.
Recordo o último beijo que te dei na testa e como temi que fosse o último...