As janelas cederam à brisa fria que a noite trouxe, deixaram-se trespassar. O ar é agora mais leve, os sonhos voaram de tão concretizados, eu sorri à sua partida.
Dei corda à bailarina escondida na caixa dos segredos para que ganhasse vida a um qualquer momento. A música soou, eu olhei e vi. A música parou, eu fechei os olhos e dancei a música que já não tocava, dei corda ao meu próprio movimento e fiz da Lua o meu par. A corda terminou, lentamente perdi as forças e deixei-me cair. Esta noite farei da Lua minha confidente e da nossa partilha uma caixa de segredos sob a qual erguerei novos sonhos e compromissos, horizontes e limites.
O amanhã demora a chegar, cresce em mim a ânsia por um tempo que desconheço, mas quero conhecer, ser e viver. As noites são longas e frias, os dias são quentes e demorados. O passado é melodia de todas as danças, o futuro é a incerteza das piruetas e saltos de todas as danças que protagonizo nesta caixa de segredos aberta que é a vida. Os sonhos voaram de tão concretizados, eu chorei pelos que ficaram.
1 comentário:
De tão concretizados os sonhos voam porque lhes damos asas e fazemos da bailarina que dançou na melodia d'outrora quem hoje somos, rumo a uma outra caixa de segredos. Pelos sonhos que ficaram continuarás a tua dança somando outros e novos segredos que em uníssono circunscrevem uma caixa mais repleta que se funde com o agridoce que é o palco da vida. Nunca deixes de sonhar porque o calafrio dos sonhos não é senão o ventre de ser e pertencer a quem somos.
beijinho de bailarina *
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