Na margem do rio, assalta-me esta sede de água por verter, esta sede molhada pela secura do que evapora.
Lá longe, perco o que nunca tive, mas vi antes de ser. Lá longe onde a vida é, antes de ter.
Mergulho as mãos na água cristalina, a sede é tanta. Aquela sede de água por verter, aquela sede da água que se liberta entre os espaços que separam os dedos fechados uns contra os outros. É aquela sede seca de água por resgatar.
Na margem do rio, vejo o tempo passar antes de chegar. Vem de lá longe, onde a vida se concretiza em paisagens primaveris e há um calor que arrepia.
Na margem do rio, sinto a sede do tempo que é e tem o que nunca foi e o que nunca teve, mas um dia será e terá.
Na margem do rio, procuro o reflexo de mim mesma.
1 comentário:
Enquanto nao chegares lá longe, continua a esperar pela água por verter, pois só tu poderás beber a água que em ti encontra leito. Enquanto nao verte, continua a preservá-la cristina na tua fonte..um dia ganhará força e nao poderá senao verter, mais fresca do que antes.
Beijinho de fresco*
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