segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Canela


Como uma pena que se deixa mover ao sabor e som do vento, também eu me deixo ir neste rumo. As noites trazem a brisa fria da distância que me separa de mim mesma.
Esta noite, como em todas as outras, apanho banhos de luar e estrelas, à espera que as noites de verão me voltem a encontrar.
Vou e venho, conto as pedras do caminho, salto e contorno estas voltas e reviravoltas, na esperança de seguir sempre o melhor caminho.
Nesta altura, em que as folhas se deixam cair do alto que ocupam, eu calço cristal e assumo os passos de uma dança que se quer prefeita. Passo e contrapasso, uma pirueta e mais passos e contrapassos. E, agora, relembro aquelas noites de verão, que assim o eram não por ser verão mas por serem intemporalmente quentes, muito quentes, que quase me fizeram esquecer desta coreografia.
Não foi fácil aprendê-la e ensiná-la ninguém pode, mas eu aprendi-a e quase a desaprendi.
No fumegar do chá que há muito ferveu, também eu me sinto a fervilhar por tudo o que tenho que voltar a aprender.
Sorriu e deixo cair uma lágrima ao dizer baixinho, muito baixinho que posso aprender muito, mas nunca vou aprender a estar sem vocês, porque não se pode aprender a não ter vida.
Enrolada no sabor a canela do chá que bebo, enrolo-me em vocês e rebolo a rir nesse amor que me dão.

2 comentários:

C disse...

Mais belo que tu não direi por impossibilidade de o dizer, mas do mesmo encanto que trazes, longe ou perto.
Um beijo bem doce *

Anónimo disse...

Tao quente q ate a areia queima? :-) adoro ler-te